150 anos de Das Kapital.
(escrito em 25/07/2017)
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No dia 25 de julho Karl Marx assinava o prefácio do Livro 1 de O Capital. Mas e daí? Que raios um livro escrito em meados do século XIX tem de importância e contribuição para nós, hoje? Um livro chamado outrora de "Bíblia dos trabalhadores(as)". Sim, é evidente a vontade de que o livro fosse publicado em fascículos (ou algo do tipo), de forma a contribuir com a formação teórica dos trabalhadores. Mais que isso, o livro dá voz aos trabalhadores(as). E isso é estupendo. Façamos o exercício de ir em qualquer livraria pra constatarmos como será difícil achar um livro que dedique poucas páginas àqueles que o reinado socioeconômico vigente costuma empurrar para a subalternidade. Não para por aí. O Capital demonstra o poder da dialética. Os desavisados dirão que é "encheção de linguiça". Nao se encontra nele uma definição de mercadoria, valor ou trabalho em apenas 2 ou 3 linhas circundadas por um retângulo colorido. São sucessivas e aprofundadas aproximações ao objeto de estudo, de forma a apresentar uma "reprodução ideal" de seu "movimento real".
Ah sim... a tal Abstração. tão importante pra ciência... Abstração, que tem mais a ver com as coisas concretas do que com as abstratas, que nos possibilita a criação de grandes coisas, das teorias. Por exemplo, a noção de fetichismo e mais-valor (mais-valia) que revoluciona a forma de entendermos a economia.
Não faltam motivos para ler. Nao se trata só de "filosofia". Não ficaria curioso(a) para ler um livro cujo o autor consegue juntar dados sobre a produção dos países, processo industrial, maquinaria, saúde e segurança, química, solos, manifestos políticos, matemática, poemas, romances e textos bíblicos?
Para todas as considerações feitas, precisamos ter claro que o Capital, como livro publicado, é uma obra que não foi finalizada pelo seu autor. Mas esse fato não prejudica o cerne de seu conteúdo, sobretudo o Livro 1, do qual se comemora 150 anos.
O trabalho mais importante do Marx e, de todo pensador, não é ter pensado o futuro, ter feito previsões, mas sim, ter pensado, e muito bem, o seu presente, a realidade concreta que experimenta. Isso , sem dúvida, exige enorme esforço de reflexão, estudo e participação politica.
Ao estudar Das Kapital percebi, ainda mais, como a investigação científica pode se apresentar como um árduo trabalho sobre o qual a tentativa de exaurir as perguntas é imperante. O desejo de descobrir o que está velado é substância própria do ser.
Leia-o. Se não lhe for agradável pelo viés, tenho a convicção de que perceberá novidades, contribuirá para o senso crítico, além do enriquecimento de conhecimento geral e cultural.
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