UM CONVITE À EPISTEME
Os gregos nos legaram 3 palavras pra tratar do conhecimento, do saber: DOXA, SOFIA e EPISTEME.
E me parece que essa distinção é muito útil para ilustrar o nível dos nossos debates e o desafio do diálogo nos dias de hoje.
DOXA é o senso comum, aquele conhecimento baseado em experiências pessoais, "crendices" e tende a ser superado a medida que a gente vai questionando as coisas.
É o tipo de conhecimento que a gente usa quando fica dando exemplos pessoais e particulares para corroborar com nossa opinião. DOXA é tipo isso, opinião. O filósofo Platão entendia “ doxa” como algo enganoso ou contrário ao conhecimento “verdadeiro”.
Texto do tiozão do WhatsApp? Doxa!
Fakenews compartilhada com um meme? Doxa!
Discurso sem argumento lógico e que nega a ciência? Doxa!
SOFIA. A gente a conhece por causa da Filosofia. Você já deve ter ouvido falar no livro "O mundo de Sofia", né? 🙂. Os gregos a usavam para designar a sabedoria. É um tipo de conhecimento que o indivíduo adquire com a experiência de vida, resultado de um longo processo. Por isso, muitas vezes, associadas às pessoas mais idosas.
O problema é quando você quer argumentar e, por ser mais jovem, não lhe dão a devida credibilidade. Dizem: "Você é jovem ainda, não sabe o que está falando. É sonhador".
E essa postura e inadequada, pois não passa de uma tentativa de silenciamento do outr@.
Mas tem um nível de conhecimento que é testado, lógico e sistematizado. E, seja criança ou adulto, você pode obter ou acessar. É a EPISTEME, fruto do Método Científico. Se opõe a afirmações sem fundamentos ou sem base empírica.
É esse o tipo de saber que se pretende para as escolas e universidades, pois é ele que nos permite questionar e criar novos conhecimentos. É o tipo de saber que nos desinstala, exige de nós 'duvidar', 'testar', 'relativizar' e, portanto, 'desconstruir' doutrinas, convicções e opiniões que nos impedem de enxergar para além de nós mesmos e das "sombras da Caverna".
Ariel Gomes.
Educador e Engenheiro Ambiental.
Comments